Cairo

13/10/2017

                      "Todos podemos controlar a dor,
                           exceto aquele que a sente"


Depois de muito trabalho, longas discussões e provas de eficiência, convenci a diretoria a permitir que viajássemos juntos. Alanya ficou muito feliz com isso. Era sua grande vontade: me acompanhar nas viagens. Nos tornamos uma espécie de relações publicas da empresa e representavamos em congressos, conferências e eventos. Passamos a viajar bastante. Não perdiamos uma oportunidade de curtir essas viagens como se fossem um feriado. Sempre que possivel, iamos de moto, parando pelo caminho, namorando, curtindo as paisagens daquele país lindo. E todas as viagens eram motivo de festa para ela. Na véspera preparava deliciosos jentares para nós, sempre à luz de velas e musicas romanticas. Raramente recebiamos visitas, então eramos sempre nós dois.

-Doçura, que pena que não podemos ter um filho. Seria maravilhoso termos um pedacinho de nós correndo e gritando pela casa.

-Talvez um dia façamos inseminação artificial. As técnicas estão cada vez mais desenvolvidas.

-Seria maravilhoso ter um filho nosso dentro da minha barriga.

Eu não podia mais ter filhos. Anos antes, após o nascimento da minha filha do primeiro casamento, fiz vasectomia. E depois de tanto tempo era irreversível. Sentamos à mesa para mais um jantar comemorativo. Partiriamos para o Egito na manhã seguinte e ela me convenceu a irmos de moto. Seriam quatro dias de viagem.

-O que é isto, Anjinho? É delicioso.

-É um prato típico da minha terra. Fiz umas mudanças na receita para ficar do meu jeito.

-Seu país parece ser maravilhoso. Tem voce, tem comida gostosa, tem presentes.

-Seria tão bom se fossemos viver lá. Tirando o inverno que é frio de matar, lá é muito bom para viver. E seu corpo quentinho não me deixaria sentir frio.

-Realmente, Anjinho, dormiriamos agarradinhos em frente à lareira.

-O inverno é a parte difícil da Ucrânia. Chega a fazer trinta abaixo de zero.

-Vamos virar sorvete agarradinhos.

-Que nada, vamos pras Bahamas no inverno. Clima tropical, agua de côco e muita praia. Minha prima tem uma casa na beira da praia em Nassau.

-E suas irmãs? Voce fala pouco delas.

-Somos em quatro. Eu sou a mais velha. Depois vem Natália, Irina e Tatiana. Somos quase idênticas, Tatiana e eu. Me imagina de cabelos pretos.

-Então elas devem ser muito bonitas.

-Lindas e bravas. Não nos damos muito bem mas nos amamos muito. Sempre dá briga quando estamos juntas. Mamãe fica uma fera. Quando estivermos lá e sair briga, por favor não se meta. Sei que voce vai querer me defender mas ignore. É coisa de irmã. E com certeza vai dar muita briga quando eu chegar lá com você. Voce é um homem bonito, gentil, educado e carinhoso. Muito diferente dos homens ucranianos que são brutos, rudes e machistas. Quando virem a forma como voce me trata morrerão de ciumes. Vai ser engraçado.

-E a forma como voce me trata não conta, Anjinho?

-Ah mas isso é normal. As mulheres ucranianas são educadas para tratarem bem seus maridos. Faz parte da cultura.

-Então vem cá minha gostosa. Deixa eu te mostrar o que faz parte da minha cultura.

Agarrei Alanya com tanta força que ela ficou vermelha. E nós riamos muito com essas brincadeiras. Nunca era chato estarmos só nós dois naquele casarão. E não brigávamos, mesmo com nossas diferenças culturais e estando juntos vinte e quatro horas por dia. Cada dia alguma coisa nos unia mais. Dividiamos a mesma sala na empresa, a mesma casa, a mesma cama. Com isso criamos uma relação de total sinceridade um com o outro. Nada era escondido e não tinhamos segredos um com o outro. É delicioso viver uma relação assim, de total confiança. Eu tinha mais liberdade do que quando eu era sozinho. Porque agora minha melhor amiga vivia junto de mim. E não queriamos desgrudar um do outro. Se eu estivesse com vontade de ir no clube ela me acompanhava. Quando ela ia no salão, eu ia junto e ficava numa lanchonete em frente esperando e comendo alguma coisa. Supermercado, shopping, roupas, etc... Sempre estavamos juntos em tudo o que faziamos. Não existia futebol com amigos nos finais de semana. Até porque odeio futebol. E eu nunca ia a lugares onde ela não pudesse ir. Iamos a cinema, teatro, shopping, praças, museus, shows e tudo o que a imaginação pedisse. Sempre parecia que tinhamos nos conhecido ontem.

Certo dia saimos para jantar fora e encontramos um casal de amigos. Eles se tratavam como estranhos, sentavam afastados na mesa e mal se tocavam.

-Olá casalzinho lindo! Venham, juntem-se à nós.

A mulher puxou a cadeira para perto dela, afastando Alanya de mim.

-Sente-se aí perto do meu marido, assim não ficaremos ouvindo o que conversam.

Alanya me olhou com cara de "fazer o que?", e estavamos incomodados com aquilo, afinal saimos para namorar. O rapaz e eu começa,os a conversar:

-Já tem um tempinho que voces estão juntos.

-Um ano e pouco.

_Me fala, rapaz, como é estar com um mulherão desses? Porque Alanya é linda demais. Ainda não cairam na rotina?

-É normal. Voce deveria saber, afinal sua mulher também é muito bonita.

-Estamos meio enjoados um do outro. às vezes ela é muito chata e brigamos. Mas nos amamos. E voces? Rola uma briguinha de vez em quando?

-Nunca brigamos e estamos juntos vinte e quatro horas por dia. Trabalhamos na mesma sala, moramos na mesma casa.

-E não enjoa? Se isso acontecesse comigo acho que nos esganariamos.

-Enjoa nada. 24 horas são pouco para nós. Nos amamos tanto que até essa distancia aqui incomoda.

E Alanya discretamente arrastava a cadeira em minha direção. Até que por fim se encostou em mim. O rapaz chegou pertinho de mim e cochichou no meu ouvido:

-Isso é bem coisa de mulher. Aposto que ela está louca para ouvir nossa conversa...

-Nada disso. Apenas queremos estar juntos. Nós não temos segredos um com o outro e por isso nosa relação é saudável. Não tem nenhum assunto que eu converse com amigos que ela não possa ouvir. Somos cúmplices, confidentes e o apoio um do outro.

O rapaz arregalou os olhos. E Alanya docemente falou:

-Falando de mim, meu amor?

-Olhei para o rapaz e falei:

-Tá vendo? Ela sabe até do que estou falando. Venham meninas. Juntem-se à nossa conversa.

-Anjinho, estou com vontade de beber uma cerveja.

-Beba, meu amor. Eu piloto a moto na volta.

Ela então chamou o garçom e pediu cerveja para mim e meu amigo. E eu alegremente falei para ele:

-Rapaz, essa mulher é a melhor coisa que poderia ter acontecido na minha vida.

A mulher chamou Alanya para irem ao banheiro.

-Olha, não se assuste, mas não vai demorar e Alanya vai me tirar da companhia de voces. Eu ja notei que sua mulher está fazendo de tudo pra nos afastar um pouco e ela está ficando irritada com isso, pois saimos para namorar.

-Namorar? Voces não fazem isso em casa?

-O tempo todo, mas é pouco. Saimos para namorar com frequencia.

As duas voltaram e Alanya sentou grudada em mim. A mulher a pegou pela mão.

-Alanya, venha aqui comigo conversar alguns segredinhos de mulher.

Ela apertou minha mão, me olhou nos olhos e se virou em direção à mulher e disse:

-Não tenho segredinhos de mulher para com meu marido. Amor, estou querendo dançar abraçadinha com voce. Vamos?

-Viu?

Falei para o rapaz me abaixando. Então Alanya me abraçou e fomos embora.

-Aquela mulher estava começando a me irritar.

-Eu percebi, Anjinho, e até comentei com o marido dela.

-Nunca vamos ficar assim indiferentes um com o outro, meu amor.

-Não vamos.

-Me fala, o que voce quer fazer?

-Namorar com voce, Meu Doce Anjinho!

Eramos assim. Preservavamos o encanto do primeiro encontro e nunca desperdiçavamos um momento para ficarmos juntos.


    Deitamos na nossa cama para descansar. A viagem no dia seguinte seria longa. Alanya já com a roupa de dormir, deitou no meu ombro e colocou a perna em cima de mim. E acariciando meu peito disse:

-Docinho, quando formos morar na Ucrânia, quero parar de viajar à trabalho. Arrumaremos um emprego por lá e fincaremos o pé. Já encontrei o que eu procurava e viajaremos apenas para passear. Esse negócio de viver em outros paises já está ficando chato. A gente acostuma e quando fica bom o contrato acaba e temos que ir embora. Construiremos uma casa igual a essa em Kiev, Lviv, Odessa ou onde voce quiser e viveremos o resto da nossas vidas lá, juntinhos.

-Pode ser em Kiev mesmo, Anjinho. Ficaremos mais perto dos seus pais. Família é muito importante e só quem não tem mais, sabe como fazem falta.

-Eu sinto essa carência em voce, meu amor. Percebo a saudade que voce sente da sua mãe e do seu pai. Uma pena que se foram tão cedo.

-Pena mesmo, Anjinho. Minha mãe adoraria ter voce como filha e meu pai enlouqueceria com voce. O sonho dele era ter uma filha e voce seria exatamente a filha que ele sonhava.

Nossas vozes foram sumindo no meio do assunto e dormimos profundamente. Acordamos atrasados no dia seguinte.

-Anjinho, vamos ficar aqui só mais um pouquinho. Já estamos atrasados mesmo então só mais um pouco não faz diferença.

A cama estava tão gostosa que nos perdemos no tempo. Por fim levantamos, tomamos banho juntos e nos arrumamos para a viagem. Teriamos que percorrer dez mil kilometros em quatro dias. Finalmente saimos, as motos revisadas e abastecidas. Subimos em direção a Moçambique e nosso objetivo era pernoitar na Tanzania. As estradas na Africa do Sul são excelentes e conseguimos vencer um bom trecho em poucas horas.

    Chegamos a Dodoma, capital da Tanzania por volta das 21 horas, bastante cansados. Conseguimos um gostoso hotel. Alanya estava arrependida.

-Docinho, deveriamos ter ido de avião. Teremos que passar por tudo isso na volta.

-Meu Doce Anjinho, tome um banho e deite aqui. Vou te fazer uma massagem para voce relaxar.

Sabendo que isso aconteceria, comprei dois frascos de óleo de amendoas e trouxe comigo. Massageei as costas dela e ela adorou.

-Docinho voce deve estar muito bravo comigo por essa idéia estupida de virmos de moto.

E começou a chorar. Um choro sentido que me deixou a beira do desespero.

-Anjinho, nada do que voce faça me deixa bravo. O importante é que estamos juntos.

-Voce é tão bom para mim. Nunca briga comigo, não reclama das minhas maluquices e sempre me apoia. E ainda me dá tanto carinho.

E chorava muito. E eu a consolava dando-lhe muito carinho.

-Anjinho eu estou faminto. Vamos comer algo no restaurante do hotel?

Aquilo a animou bastante. O problema dela era fome. Descemos para o restaurante e eu tentei muito explicar que queriamos um bife com batatas fritas. Por sorte, um rapaz que falava inglês nos ajudou. Creio que se encantou com a beleza de Alanya, pois não tirava os olhos dela.

-São namorados?

-Não, somos casados.

-Americanos?

-Não, somos ucranianos e vamos visitar meu tio na Etiópia.

Ela falou com ele. Com essa resposta ele se afastou. Mas não tirava os olhos dela.

-Com certeza eu ganharia uma cantada bem na sua frente, meu amor. Sujeito abusado.

-È nisso que dá ser tão linda. E eu tenho que ficar apenas observando.

-Linda? Eu to um lixo. Cansada, inchada de chorar, sem maquiagem e com essa roupinha simplesinha.

Ela estava usando uma calça legging preta e uma blusa de malha branca que marcava deliciosamente as formas do seu corpo.

-Anjinho, essa simplicidade que voce está agora te deixa muito linda.

-Que homem maravilhoso. Me acha linda até quando estou horrorosa.

-Anjinho, vamos terminar de comer, subir, pegar nossas coisas e mudar de hotel. Estou com um pressentimento muito ruim a respeito desse sujeito. Se ele cismar que te quer, minha vida corre sério risco.

Terminamos o jantar, dei o numero do quarto para a conta e levantamos. O sujeito se aproximou e falando russo perguntou a Alanya:

-A senhorita aceitaria beber um drink comigo?

Alanya em tom irritado respondeu:

-Não sou senhorita. Sou uma senhora casada e estou na presença do meu marido. Gostaria muito de ser respeitada. Vamos docinho, temos coisas para fazer.

Subimos para o quarto e juntamos nossas coisas. Descemos, paguei a conta e fomos embora rapidamente antes que o sujeito nos visse.

-Amanhã quero voltar pra casa e iremos de avião. Aventura demais para mim. Correr o risco de ficar viuva antes de casar não está nos meus planos.

Conseguimos outro hotel e fomos dormir. Na manhã seguinte ela insistiu em voltarmos para casa. E assim fizemos. Ela forçava bastante a moto, passando dos 250 Km/h várias vezes. No final do dia chegamos em casa. Guardamos as motos na garagem e entramos em casa. Ela me abraçou e desabou em prantos. Me pedia perdão por aquela idéia infeliz. Que nunca mais faria aquilo.

-Anjinho, tome um banho relaxante e vamos dormir. Amanhã pegaremos o primeiro voo para o Cairo.

-Estou tão arrependida. Imagina, te perder e ainda me tornar uma escrava sexual? Ahh não. Por favor me perdoe. Diga que me perdoa.

-Venha anjinho, vamos beber um chá para voce se acalmar.

Ela chorava compulsivamente e implorava perdão. Eu não sabia mais o que fazer para ela se acalmar. Então deixei ela falar.

-Estou tremendo toda. Fala a verdade pra mim, voce está com ódio de mim. Pode falar. Eu aguento e mereço.

Terminei de preparar o chá e a levei para o sofá. Naquele estado ela não conseguiria dormir por vários dias. Eu precisava acalmá-la e só com muito amor e carinho poderia conseguir.

-Eu estou vendo a cena. Aquele sujeito entrando em nosso quarto, atirando em voce e me arrastando pra algum lugar imundo onde eu seria violentada...

-...Docinho, eu sei que é dificil, mas voce consegue me perdoar? Por favor, me perdoe. Estou sofrendo tanto de remorso. Eu só queria que nos divertissemos. Que tivessemos mais uma aventura linda na nossa história. Perdoe essa mulher que te ama muito.

-Vem cá Anjinho. Deixa eu te abraçar. Eu te perdoo sim. Deita sua cabecinha na minha perna. Deita assim que estou aqui para te proteger. Se acalme Meu Doce Anjinho. Estamos seguros em nossa casa.

Eu acariciava com delicadeza aquela cabecinha que eu tanto amava. Os soluços foram diminuindo e por fim ela adormeceu vencida pelo cansaço. Eu pensei em colocar um calmante no chá dela mas achei covardia. Eu não tinha o direito de fazer uma coisa dessas com ela. Preferi ajudá-la com carinho. Mostrando a ela que eu estava ali, protegendo e cuidando dela.

    Ela adormeceu profundamente. Estava esgotada tanto fisicamente como emocionalmente. Com muito jeito a peguei no colo e a levei para o quarto. Ela balbuciou alguma coisa incompreensível. Deitei o meu tesouro louro na cama e me deitei ao lado dela, sempre acariciando e beijando aquela mulher que eu tanto amo. Velei seu sono por horas prevenindo que ela acordasse assustada. Por fim o cansaço me venceu e eu dormi abraçado a ela.

    Acordamos tarde e enroscados um no outro. Ela se sentou na beira da cama esfregando os olhos. Percebi que ela estava se testando para ver se eu tinha dado algum remédio escondido. Então se virou para mim e me encheu de beijos. Falou no meu ouvido:

-Eu te amo muito. Por mais que eu ache que te conheço, voce sempre consegue me surpreender. Obrigada por cuidar de mim e por estar ao meu lado. Preciso muito de voce, meu grande amor.

Eu a puxei de volta pra cama e a abracei. Me apoiei nos cotovelos olhando fundo naqueles olhos azuis.

-Não precisa pedir perdão por nada Anjinho. Sempre estarei ao seu lado sendo cúmplice em tudo o que voce inventar. E estou aqui para cuidar de voce.
Ela sentou na cama e me olhou nos olhos.

-Voce não me deu remédio. Achei que faria isso, mas voce não fez. Como conseguiu me fazer dormir? Eu estava tão nervosa...

-Usei o meu poder mágico com voce!

-Que poder mágico é esse?

-É o amor que sinto por voce. Só usei isso e foi mais eficiente que remédio. Eu sei que voce ficaria chateada se acordasse chapada, então não fiz isto.

-Obrigada mais uma vez, meu amor. Agora tenho certeza que voce está qualificado para cuidar de mim pra sempre. Me conhece bem e usa esse conhecimento para cuidar de mim. Eu nunca conheci alguem que se esforçasse tanto nessa tarefa. Mais uma vez, obrigada por voce existir.

    Uma das coisas que me encantava demais na personalidade dela era o reconhecimento. A maioria das mulheres que conheci, agradeciam as coisas que eu fazia e segundos depois esqueciam tudo como se eu não tivesse feito mais do que a minha obrigação e logo em seguida já estavam com as presas cheias de veneno prontas para dar o bote. Alanya não era assim. Cada gesto meu, cada atitude minha eram perfeitamente arquivados em sua memória para em algum momento virar um elogio. Jamais ela usou alguma palavra que me diminuisse ou que me colocasse pra baixo. Tudo o que ela falava era para levantar meu astral e minha auto-estima. E eu me esforçava para fazer o mesmo por ela. Mesmo nas vezes que ela se irritou comigo, munca me ofendeu. Em uma das vezes que ela se irritou comigo ela disse: "Sabe o que voce é? Um cara que me apoia e está sempre ao meu lado" e a irritação passou.
     Novamente nos arrumamos, chamamos um taxi e fomos para o aeroporto. Nossos passaportes estavam ficando lotados. Em breve precisariamos de novos. Compramos as passagens e aguardamos o horario do voo comendo alguma coisa. Como sempre conversavamos muito.

-Posso ficar tranquila com seu perdão?

-Claro que sim, Anjinho. Não ha nada a ser perdoado. No fundo até foi divertido, sairmos daquele hotel às escondidas.

-Se não estivessemos tão cansados teriamos voltado naquela hora mesmo. Obrigada por me proteger. Eu não tinha percebido nada de estranho. Talvez só percebesse quando fosse tarde demais.

-Voce é tão importante para mim que te protejo até de um cisco no olho. Se eu perceber um cisco indo na sua direção, eu heróicamente pulo na frente para ele não te atingir.

-Ohhh, meu herói. Te amo muito.

    Mais um excelente momento para namorarmos, e faziamos isso. Chamavamos a atenção por onde passavamos. Ela por sua beleza e nós dois juntos pela paixão que emanavamos. Sempre que queriamos privacidade nas nossas conversas falavamos em russo. Tinhamos criado um dialeto próprio misturando russo, ucraniano, ingles, portugues, alemão e palavras que inventamos.
Anunciaram nosso voo. Fomos para o embarque. Uma senhora muito simpatica nos recepcionou:

-Bom dia. Mais um lindo casal indo em lua de mel para junto dos faraós. Isso tras sorte.

-Bom dia, vamos a trabalho.

-Mocinha, com essa carinha de felicidade quem vai ter trabalho é o maridão aqui.

-Já dou muito trabalho pra ele.

E ela nos conduziu para o embarque. A chatice habitual. Detectores de metal, raios X na bagagem de mão, passaporte...

-Anjinho, voce não trouxe aquela coisa indecente de borracha junto, né? Não me faça passar essa vergonha.

O agente da alfandega riu e mais uma vez um tapa estalou no meu braço. Ela novamente se colocou na minha frente, de costas para mim, passou meus braços pela sua cintura e disse:

-Vai cheirando aí e para de falar bobagem.

Eu estava rindo muito. Consegui deixá-la sem graça. Mas eu sabia que o troco viria, cedo ou tarde.
Embarcamos em um voo turístico cheio de pessoas falantes e ansiosas. Era divertido prestar atenção nas conversas, nas besteiras que as pessoas falavam sobre o Egito. Constantemente Alanya me cutucava.

-Ouviu isso, Doçura?

Alanya detestava sentar na janela, então estava bem no corredor. Uma senhora com cara de alcoolatra puxou conversa com ela.

-Estão em lua de mel?

-Não, a trabalho.

-Mocinha não minta para mim. Com essa carinha de felicidade e essa paixão toda quer que eu acredite que estão estão à trabalho?

-Eu sou esposa e assistente dele. Viajamos muito juntos. E a alegria de estarmos juntos sempre dá a impressão de estarmos em lua de mel.

-Preservem isso o máximo que puderem. Depois de quarenta anos de casados a unica alegria que temos juntos está no fundo de um copo de gim.

Alanya me abraçou gostoso e disse:

-Nenhum copo de bebida seria capaz de me fazer sentir as coisas que meu amado marido me faz sentir.

-Desejo toda a felicidade do mundo para voces.

E pediu mais uma dose de bebida.

-Anjinho, por favor peça uma cerveja para mim?

Ela pediu uma cerveja e uma coca cola para ela. Se recostou em mim e ficou quietinha, absorta em seus pensamentos.

Me incomodava um pouco ve-la tão calada. Então resolvi interromper seu silencio:

-Pensando na Tanzania, Anjinho?

-Sim estava. Não tiro aquilo da cabeça. Se não fosse a sua percepção não sei o que poderia ter acontecido. Me ensina essa percepção?

-Anjinho, isso não é uma coisa que se ensine. Estou aqui para te proteger e essa percepção faz parte disso. Se eu puder, não permitirei que nada de mal te aconteça. Te protegerei com minha vida se isso for necessário.

-Voce me ama tanto assim? Seria capaz de dar sua vida por mim?

-Mais do que voce possa imaginar. Eu sou nada sem voce. Mas ao seu lado me sinto o homem mais importante do universo.

-Voce é o homem mais importante do nosso universo. Obrigada mais uma vez por tudo o que voce faz por mim, meu amor.

Falavamos no nosso dialeto para evitar a intromissão daquela mulher que já estava visivelmente embriagada, e não tem coisa mais chata que bebum.

-Doçura, me conte outra vez aquela história do que voce pensou quando me viu pela primeira vez.

Iniciei o meu monólogo sobre as safadezas que passaram pela minha mente. Alanya estava aninhada no meu ombro e dormiu deliciosamente. Eu acariciava sua cabeça me deliciando com aqueles cabelos louros finissimos. A luz do sol entrava pela janela e começou a incomodar. Baixei a veneziana e ela deitou na minha perna, o que me proporcionou mais conforto para acariciá-la. Era uma visão celestial aqueles longos cabelos dourados. aquela pele de pessego, com linhas tão finas delimitando os contornos daquele rosto tão lindo. E ela dormia... Um sono tranquilo de quem se sentia inteiramente segura e protegida. Não tenho palavras para descrever o tanto que aquilo me fazia bem. Acabei adormecendo também.
Acordei novamente com uma mecha de cabelos dourados passeando pelo meu rosto.

-Anjinho, eu adoro isso...

-Eu sei, e é por isso que eu faço...

-...Tive um sonho estranho. Sonhei com um namorado que tive, que me tratava muito mal. Nos gostavamos, mas ele era muito machista e ciumento. E tentava mudar meu jeito de ser a todo custo. Ele mesmo não sabia o que queria de mim. Então acordei e voce estava aqui com essa mão deliciosa segurando a minha mão... Sabe, meu amor, voce faz tanto por mim, mesmo sem saber, que às vezes acho que faço tão pouco por voce. Voce é um homem bom, gentil e carinhoso. Nunca levantou a voz para mim. Nunca me ofendeu e me trata com um respeito e carinho que eu nunca imaginei que seria tratada. Como eu poderia viver sem voce? Como eu consegui viver sem voce até o dia em que nos conhecemos? Por isso mudei para a sua casa. Eu não estava suportando mais ficar longe de voce para ir dormir. Eu odiava a hora de ter qua atravessar a porta da minha casa. Comecei até a odiar a minha cama. Odiava meu chuveiro, odiava minha cozinha. Eu só gostava dela quando preparava alguma coisa para voce e ficava ansiosa para levar pra sua casa e ver voce comer. Várias vezes quando saí da sua casa, dormi no meu sofá chorando porque não tinha voce na minha cama, e eu não estava mais suportando dormir sozinha. Sempre que eu entrava sozinha na minha casa eu chorava porque estavamos longe um do outro, e isso estava me fazendo tanto mal. Quando voce viajou aquela vez para a Cidade do Cabo eu não aguentei. Tive tanto medo de acontecer alguma coisa e voce não voltar mais. Foi horrivel. Então peguei tudo o que era meu e mudei para sua casa. Assim eu me sentiria pertinho de voce. E nunca mais precisaria me afastar de voce. E eu contava os segundos ansiando a sua volta e poder te ter nos meus braços novamente. Foram os piores tres dias da minha vida...

-...Quando voce concordou que eu ficasse na sua casa de vez, eu tive a certeza que voce me amava tanto quanto eu te amo. Confesso que tive muito medo de voce me mandar de volta. Se voce tivesse feito isso, com certeza abalaria muito a nossa relação. Mudei para a sua casa por voce. Sou muito grata por voce ter tido a sabedoria de perceber o porque de eu querer morar contigo e não me mandar de volta. E se a empresa tivesse nos separado, eu estava pronta para romper o meu contrato, e sacrificar meu futuro profissional por voce.

-Anjinho, é assim que eu gosto de te ver: falando. Me incomoda te ver calada. Gosto de saber o que voce pensa, adoro ouvir a sua voz. Me perdoe por não ser tão falante quanto voce, mas é meu jeito. Gosto mais de ouvir do que de falar.

-Eu sei disso, meu grande amor. E é por isso que nos entendemos tão bem. Voce me ouve com muita atenção. Eu nunca senti que desperdiço palavras porque voce ouve todas elas. E consegue me compreender. Eu percebi isso em voce logo nos primeiros dias em que trabalhamos juntos. Voce nunca deixou de ouvir qualquer membro da equipe, por mais idiota que fosse o assunto. E foi assim que comecei a te admirar e me apaixonar por voce. Eu imaginava voce exatamente assim: um homem que me escuta e me compreende. Que não me deixa falar sozinha. E olha que eu falo muito...

-Meu Doce Anjinho, sabe o que mais admiro em voce? A sua inteligencia. A maioria das mulheres que conheci e que falavam muito, só falavam bobagens. Mas voce não. Voce é coerente no que fala, tem uma retórica perfeita e sabe cativar a minha atenção. Eu paro qualquer coisa que esteja fazendo para ouvir a melodia da sua voz. Isso me faz tanto bem que quando voce se cala, eu fico incomodado...

-...Quando vi suas roupas no meu armário, a principio fiquei incomodado. Pensei até em te mandar de volta. Mas eu tinha feito dois juramentos que conservo até hoje e conservarei para sempre. O primeiro foi o de deixar voce me amar do seu jeito e o segundo foi o de viver para te fazer feliz. Quando vi a sua felicidade me mostrando suas roupas caprichosamente arrumadas dentro do meu closet, eu não tive nenhum argumento para te pedir para voltar para sua casa. Voce estava feliz e é só isso que me importa. Nada nesse mundo me importa mais do que ver voce feliz. Eu não digo isso apenas da boca pra fora como a maioria das pessoas. Eu realmente faço. Todas as minhas ações e decisões são visando únicamente a sua felicidade. E esse é o maior poder que voce tem sobre mim. Basta voce estar feliz que eu faço tudo o que voce quiser.

-Eu já percebi isso em voce. E eu também fiz dois juramentos que cumpro com prazer e que limitam muitas das maluquices que invento. O primeiro é de cuidar muito bem de voce e o segundo foi de dar segurança ao seu amor por mim. Lembra que te falei que seu amor está seguro comigo? Eu aceitei a responsabilidade de viver um grande amor. E não me arrependo disso.

    É tão gostoso fazer, e ouvir declarações de amor assim. Como as relações seriam mais saudáveis se as pessoas tivessem esse nível de responsabilidade. Cuidar do amor de uma pessoa é algo muito mais sério do que se imagina pois envolve muito sofrimento. Alanya e eu tinhamos a consciencia dessa responsabilidade. Sabiamos que se um dia esse cristal se quebrasse, jamais poderia ser consertado. E eramos felizes demais para cometermos qualquer descuido. E eu sabia que deveria seguir essa linha de conduta, para sempre ter a admiração daquela mulher e jamais correr o risco de perdè-la. Alanya possuia a beleza e a inteligència para escolher quem seria seu companheiro eterno. E eu fui este escolhido. É a maior honra que um homem pode ter: O amor de uma mulher como Alanya.

    Conversávamos em nosso próprio dialeto e eu percebi o ouvido da mulher ao lado tentando bicar a nossa conversa. Criamos um mundo só nosso onde intrusões não eram toleradas. Nos tornamos extremamente auto-suficientes em nós mesmos. Não precisavamos de amigos pois eramos os melhores amigos um do outro. Não precisavamos de confidentes pois confiavamos demais um no outro. Nossa relação era tão perfeita que sabiamos que despertava inveja nas pessoas. E o que menos precisavamos era disso: invejosos nas nossas vidas. Não que a nossa relação fosse tão frágil a ponto de sucumbir por influências externas. Mas tinhamos um objetivo e uma estrada limpinha pela frente. E é muito chato quando pessoas, que não tem a competência para criar uma relação como a nossa, ficam colocando pedras em nosso caminho. Esse é o tipo de relacionamento que qualquer pessoa sonha e eu vou ensinar o segredo. É tão simples que se torna difícil. Basta se permitir ser amado. Uma vez fiquei com uma mulher por apenas 24 horas. Ela era extremamente carinhosa e em um momento comentei isso com ela. Eu elogiei o carinho que ela tinha comigo e ela me disse uma frase que me marcou para sempre: "É muito difícil encontrar um homem que me permita ser carinhosa com ele". Acho que dispensa qualquer comentário.

    Após tres horas de viagem o piloto anunciou nossa aproximação do aeroporto do Cairo. Alanya estava feliz com nossa conversa e me disse isso. O pouso foi perfeito, demonstrando a competência e eficiência da tripulação da aeronave. Fica aqui o meu elogio ao comandante cujo nome, infelizmente, não me recordo. Antes de desembarcar, a tal mulher nos abordou novamente.

-Voces são um casal lindo demais. Fiquei observando a maneira como conversam um com o outro e mesmo sem entender o que falavam percebi o carinho que voces tem. Obrigada por isso e vai me ajudar muito no relacionamento com meu marido. Tentarei ser ao menos um pouco do que voces são um com o outro. Muitas felicidades para voces.

-Anjinho, antes de irmos para o hotel voce quer alguma coisa?

-Beijo, beijo, muito beijo... E quero que voce me cheire gostoso. Pode ser?

Atendi aos desejos dela e percebi que tinhamos platéia para o nosso show. Pegamos nossa bagagem e procuamos um taxi para nos levar ao hotel. Não vou comentar sobre os taxistas egipcios pois são o mesmo que em qualquer parte do mundo onde estivemos.

    Como sempre a empresa providenciou um hotel bastante gostoso para nós. Da varanda, bem ao fundo, conseguiamos ver o semblante das pirâmides de gizé e aquele mar de areia que compõe o deserto. Olhando para baixo dava uma visão da magnífica piscina. É interessante observar os contrastes que nosso lindo planeta nos proporciona: O frio cortante da neve em contraste cm o calor escaldante das areias do deserto. Eram pouco mais de 15 horas e a temperatura já ultrapassava os 55 graus.

-Anjinho, imagina viver em um lugar desses há 5 mil anos atrás, sem ar condicionado.

-Insuportável. Eu venho de um país frio, onde o inverno é congelante. Sou muito branquinha e não sei se me adaptaria a este calor. Acho que se eu ficar aqui por seis meses, morro.

-Voce é uma mulher de muita sorte, Meu Doce Anjinho. Poucas pessoas nesse mundo tem a oportunidade de viver as experiências que voce tem vivido.

-Principalmente ao seu lado. As coisas que voce comenta, as paisagens que voce observa e me mostra. Sou sortuda mesmo.

    Telefonei para os representantes da empresa avisando da nossa chegada. Me informaram que pela manhã uma pessoa viria conversar conosco no hotel. Descemos para comer alguma coisa. Alanya se esforçava em aprender a ser mais observadora. Depois da experiencia da Tanzania, pouca coisa escapava das suas observações. Eu me preocupava de isso não se tornar um trauma para ela e criar algum tipo de obcessão. Por isso eu a observava muito atentamente.

    No dia seguinte, fomos contactados pela representante da empresa. Era uma morena com longos e extremamente brilhantes cabelos pretos. Possuia um rosto angelical con dois lindos olhos azuis contrastando com a beleza de seus cabelos. Realmente uma mulher muito bonita e educada. Nos deu todas as informações, horários e agenda.
Pela primeira vez, no tempo em que estamos juntos, vi Alanya demonstrar ciumes.

-Ela é bonita, não acha?

-Bonita sim e bastante profissional.

-Ficar te olhando daquele jeito é ser profissional?

-Anjinho, eu nem percebi...

-Ahhh conta outra. Voce é a pessoa mais observadora que já conheci e não reparou que ela te devorava com os olhos?

-Anjinho, se ela depender de me devorar com os olhos vai morrer de fome. Eu não trocaria meu anjinho por mulher nenhuma. Por mais linda que fosse. Não temos apenas um relacionamento. Temos uma história juntos. e isso é insubstituível. E por mais linda que ela seja, não tem nenhuma chance de fazer parte da nossa história em nenhum nível.

-Tá bem, meu grande amor, confio em voce. Me desculpe e vamos esquecer isto.

O evento aconteceu e foi muito bonito. Realmente Alanya tinha razão, sempre que ela se afastava de mim, a morena dava um jeito de se aproximar. Num momento em que eu bebia uma cervej no balcão do bar e Alanya fazia uma apresentação a morena se aproximou.

-Te causo algum problema se me sentar aqui?

-Na verdade causa sim. Me desculpe mas eu não gostaria te ter atritos com minha mulher por sua causa.

-São casados a muito tempo?

-Um ano e pouco.

-Olha, me desculpe mas gostaria de te conhecer melhor. Fique com meu cartão pessoal e me ligue assim que voce tiver um tempo para mim.

E se afastou, sempre olhando para tras e me encarando. Eu acho lindo morenas de olhos azuis. Chamam muito a atenção. O atendente do bar veio falar comigo.

-Ahh se eu desse a sorte de pegar um peixão desses... Ela só faltou te pegar pela gravata e te arrastar pra longe daqui.

-Moço, eu tenho um peixão muito melhor que isso. Faça o seguinte, fique com o cartão dela e tente a sorte.

Entreguei o cartão da morena para o rapaz e logo em seguida Alanya se aproximou. Me cumprimentou com um beijo:

-Oi Doçura, sentiu minha falta?

-Anjinho, eu não via a hora de voce voltar para mim.

-Eu tive a sensação de vir aqui e encontrar aquela mulher conversando com voce.

-Ela veio sim.

-E aí?

Contei a ela em todos os detalhes o que aconteceu. Eu nunca menti para Alanya e não faria isso agora e nem nunca. Eu não arriscaria quebrar o cristal por algo sem importancia para mim.

-Doçura, obrigada pela sua sinceridade. Eu vi de longe quando ela estava aqui conversando com voce e queria saber se voce seria honesto o suficiente para me contar. Mais uma vez voce não me decepcionou. Eu amo voce.

-Anjinho, fique aqui comigo. Estou me sentindo só e quero voce comigo.

-Espere só um minuto que virei ficar com voce. Vou pegar minhas coisas e pentear meus cabelos. Meu Grande Amor.

O rapaz do bar se aproximou novamente.

-Rapaz... Essa gata é sua esposa?

-Sim, o amor da minha vida.

-Agora entendi por que voce me deu o cartão da morena. Com um mulherão desses a morena não tem chance.

-Amigo, voce nem imagina porque eu te dei o cartão da morena. O que voce está vendo aqui é só a casca. O que tem dentro dessa fruta é muito melhor. E a morena não chega nem aos pés dela.

-Meus parabéns.

E Alanya voltou linda como sempre. Havia penteado os cabelos e estava deslumbrante.

-Te amo Anjinho. Fique aqui comigo. Quer beber alguma coisa?

-Tem champanhe?

-Amigo, por gentileza um champanhe bem gelado.

Brindamos e mais uma vez pecebi o quanto eu amava aquela mulher. Em outros tempos a aproximação da morena teria mexido com minhas emoções, mas foi a aproximação de Alanya que realmente mexeu comigo. Me arrepiei dos pés à cabeça quando vi o meu anjinho caminhando em minha direção. Mais tarde conversei com ela sobre isso.

    Evento terminado, decidimos ficar no Cairo mais dois dias. Era uma excelente oportunidade de conhecer um pouco do Egito. Contratamos um tour que nos levou em todas as maravilhas daquela região que inspira todos os povos do mundo até hoje. Alanya se maravilhava com tudo o que via. Entramos no Templo de Luxor. Brincamos de esconder entre aquelas imensas colunas.

-Anjinho, agora eu entendo o que motivava os faraós a construirem coisas assim. Se algum deles amou da forma como te amo então foi inspiração suficiente para isso tudo. Se eu tivesse poder e dinheiro suficientes, construiria um templo assim só para voce. Seria o Templo de Alanya que perduraria pelos milênios como meu amor por voce.

Ela se emocionou e lagrimas desceram dos seus lindos olhos. Acariciei seu rosto e disse:

-Eu te amo tanto que não sei como descrever isso. Não tenho palavras para descrever meu amor por voce.

Nos abraçamos e nos beijamos ali naquele lugar mágico. Então eu me ajoelhei aos pés dela e disse:

-Anjinho, quando formos para a sua terra, eu quero me casar com voce. Aceita casar comigo?

Ela me abraçou novamente e com toda a emoção que sentia falou:

-Eu já me sinto casada com voce, mas sei que meus pais se orgulhariam de me apresentarem para a sociedade como sua legitima esposa. Então eu aceito me casar com voce.

Entramos bem dentro do tmplo onde tinha uma espécie de altar, paramos em frente e, olhando nos olhos dela eu falei:

-Alanya, eu te aceito como minha legitima esposa e juro ser fiel, te amar e respeitar por toda a eternidade. Eu juro que sempre estarei ao seu lado, na alegria e na tristeza, na saude e na doença por todos os dias da minha vida.

Ela repetiu tudo o que eu disse e nos beijamos novamente. Alguns turistas assistiram aquilo e nos aplaudiram. Foram testemunhas de nosso casamento egipcio.

Os dois dias de passeios terminaram e voltamos para East London. Entramos em casa cansadissimos.

-Anjinho o que voce quer comer?

-Doçura deixe que eu preparo algo pra nós.

-Nada disso. Voce está tão cansada quanto eu, então levante as pernas e relaxe. Vou fazer uns sanduiches de presunto, queijo e tomate para mim. Quer tambem?

-Quero dois. estou com fome.

Preparei os sanduiches e sentamos para comer. Conversavamos sobre nossa aventura no Egito.

-Doçura, agora somos casados com as bênçãos dos faraós.

-Foi gostoso. Eu me orgulho muito de ter voce comigo. Eu não imaginava que voce sofria tanto quando saia daqui e voltava para sua casa.

-Chorei tanto de saudades de voce. Era horrivel. Por isso eu chegava aqui tão cedo. Eu dormia no sofá e não via a hora de voltar aqui. Só aqui eu era feliz. Só junto de voce eu sou feliz.

-Então senta aqui no meu colinho e sejamos felizes. Deixa eu te cheirar.

-Não vamos cair da cadeira outra vez, né?

-Não. Estou cansado e não aguento aquela pulação. Só quero um pouco de carinho.

-Estou orgulhosa de voce. Aquela história da morena me mostrou o tipo de homem que voce é. E que não me enganei a seu respeito.

-Voce é muito mais bonita que ela. Alem do mais, não me encanta mulher tão oferecida. E voce tem duas imensas vantagens sobre qualquer mulher.

-Que vantagens são essas?

-Voce é minha e eu te amo!

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